A diretora do SINJUSC, Ângela Dlatoé Tregnago, e o psicanalista e trabalhador do PJSC, Júlio Correa, que ministrou oficina durante o evento

Política de combate ao assédio no PJSC precisa tratar da organização do trabalho

Na quarta, dia 7 de maio, a diretora do SINJUSC, Ângela Daltoé Tregnago, participou das atividades da IV Semana de Combate ao Assédio e Discriminação do Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC). De acordo com Ângela, “muitas vezes, o Tribunal mede a produtividade sem levar em consideração a complexidade das tarefas. E para atingir as metas a que se propõe, as cobranças recaem em cascata até aquele trabalhador ou aquela trabalhadora que está na ponta. Então, quando a meta não é alcançável, a cobrança se amplia e se transforma em assédio”.

“Então, se promoções, acesso a cargos e funções gratificadas, remoções e até direitos como a possibilidade de escolher o melhor período de férias, são concedidos a partir da produtividade a qualquer custo, se cria um ambiente com sobrecarga, assédio e, consequentemente, adoecimento e afastamento” – completou Ângela.

Nos últimos anos, o SINJUSC tem acolhido vítimas de assédio, por meio de um protocolo desenvolvido pela própria entidade, e dialogado com a administração para fazer os devidos encaminhamentos. Contudo, os esforços da diretoria do Sindicato estão concentrados, por exemplo, na redução do número de funções e na uniformização do plantão judicial em todo o Estado. Além disso, a luta pela redução da jornada e pela ampliação de vagas no judiciário catarinense tem impacto direto na redução do assédio nos locais de trabalho.

ASSÉDIO É UMA QUESTÃO INSTITUCIONAL, NÃO INDIVIDUAL

O psicólogo do SINJUSC, Mateus Graoske, ajudou a desenvolver o protocolo de atendimento do Sindicato para vítimas de assédio no judiciário catarinense e também participou do evento na quarta, dia 7 de maio. Para Mateus, “o debate é importante na medida em que reconhece a prática do assédio dentro do judiciário catarinense, mas o Poder Judiciário precisa entender que o assédio é resultado das políticas institucionais de organização do trabalho que acabam se materializando em relações de abuso entre colegas”.

Ainda de acordo com o psicólogo, “o assédio é resultado de um modelo hierárquico vertical autoritário e só pode ser combatido com uma mudança estrutural na forma como o trabalho é organizado, não só no judiciário, mas na maior parte do campo do trabalho, seja ele público ou privado”.

2 comentários

  1. Só uma dúvida, há algum tempo atrás acho que o próprio TJSC falou sobre criar um incentivo para quando o tribunal ganhasse selo de qualidade do CNJ. Hoje mesmo tivemos um “webinário” sobre metas e metas para mais um SELO de qualidade. Queria que os juízes e desembargadores olhassem para os servidores que recebem as METAS, mas não recebem gratificação de nível superior para minutar as decisões que vão BAIXAR os processos, como eles querem! Isso também é uma forma de assédio, não é?

    • Olá Simone, o debate sobre um “prêmio” ligado ao cumprimento de metas é pauta da mesa de negociação. Assim que tivermos novidades, divulgaresmos aqui. Cobrar funções que não são atribuição do cargo é assédio sim!

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