Reunidas no último final de semana, em Florianópolis, as servidoras do Judiciário Catarinense reafirmaram a importância do SINJUSC pautar raça e gênero na luta sindical. Os debates aconteceram durante o 3º Encontro de Mulheres e apresentaram importantes nomes do feminismo negro, do jornalismo, das artes e da cultura. Dirigentes do Sindijus-PR e do Sindjus/RS estavam presentes.
Foram dois dias de atividades, com oficina de pintura, exibição de premiado documentário retratando a violência doméstica no campo, troca de relatos sobre relacionamentos abusivos e os tipos de violências, apresentação artística e aprovação da Carta das Mulheres com as principais reivindicações Delas.
A abertura do evento aconteceu na sexta (23/08), com a presença da mestra e doutoranda em Jornalismo pela UFSC e colaboradora do Portal Catarinas, Jessica Gustafson, e pelas servidoras que compõem o grupo Valentes, Soraia Depin e Fátima de Araújo. A mesa foi presidida pela vice-presidente do SINJUSC, Valfria de Oliveira. O tema foi o feminismo coletivo.
O segundo dia (24/08) seguiu com um oficina de arte-terapia conduzido pela artista plástica, Letícia Valério. Em um painel de pintura, as participantes expressaram em formas, cores e palavras o que sentem e entendem da luta das mulheres.
Após, foi exibido o documentário “Sozinhas” – Histórias de Mulheres que Sofrem Violência no Campo. A produção da jornalista do Diário Catarinense, Ângela Bastos, ganhou várias honrarias: Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Dom Helder Câmara da CNBB e Prêmio de Jornalismo da Massey Ferguson.
A repórter esteve presente e conversou com a plateia sobre como foi a produção, destacando a importância de produzir jornalismo humanizado. Algumas participantes compartilharam em público situações de violência doméstica e relacionamentos abusivos.
“Quando o SINJUSC promove encontros com temáticas sobre gênero possibilitando que as servidoras compartilhem suas dores sem medo de serem julgadas, entendemos a importância de nunca desistir de falar temas que incomodam. Somos maioria no judiciário e não poderia ser diferente nossa inserção na discussão sobre direitos das mulheres“, afirma a vice-presidente, Valfrida.
O dia seguiu com debate sobre o feminismo negro, com Jeruse Romão, professora, pesquisadora afrocentrada e feminista negra, e Halina Macedo Leal, doutora em Filosofia pela USP e professora universitária da Universidade Regional de Blumenau (Furb). As professoras salientaram suas falas na luta anti-racista e a importância das pessoas se aliarem nesse movimento. Aqui neste link você encontra mais conteúdo sobre.
“Somos maioria no país e mesmo assim somos pouco(a)s no Judiciário e em outros locais de trabalho. Falar sobre o racismo e feminino negro é necessário, assim como o sindicato tem feito. Precisamos dessa visibilidade”, argumenta a analista jurídica, Jussara da Silva.
Depois de muito aprenderem sobre o papel da luta anti-racista, da conscientização e do acolhimento a mulheres vítimas de violência, as participantes encerram a programação assistindo a apresentação musical do grupo: “La Clinica”.
A Carta do Terceiro Encontro de Mulheres do Judiciário será divulgada ainda esta semana. companhem aqui pelo site.
Leia abaixo alguns relatos de como foi participar do Encontro:
Dani Burigo – diretora do SINJUSC
“Nosso encontro de mulheres foi magnífico. Foi emocionante e impactante. Não podemos ficar às margens de problemas de outras irmãs, não podemos nos calar diante de casos de violência contra mulheres que nunca chegam na mídia, na delegacia e no judiciário. Temos o dever enquanto sindicato e coletivo de debatermos tudo isso. Se incomodamos alguém com tudo que foi apresentado é porque chegamos ao objetivo, tirar da zona de conforto”.
Ignez Busnello Durgante – servidora da Comarca de Concórdia
“Um sindicato precisa ser abarcar as diferentes demandas da categoria. Ao promover o 3 encontro das mulheres do Judiciário, a SINJUSC demonstra sua preocupação e empatia com nós mulheres e a luta por equidade de gênero, por respeito, por dignidade. No encontro nós encontramos e nos fortalecemos”.