Na quinta, dia 21 de agosto, cerca de 100 pessoas participaram da Plenária Virtual sobre Previdência do SINJUSC. A atividade contou com apresentação do economista e assessor do Sindicato, Maurício Mulinari, sobre o tema. Além de um resgate histórico sobre o surgimento, a consolidação e o desmonte da previdência no Brasil, Maurício destacou como funciona o atual Regime Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS) que é “administrado” pelo Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina (IPREV-SC).
Durante o evento, a diretoria do SINJUSC lançou o novo jornal ContESTADO, dedicado a fazer uma análise mais profunda com linguagem acessível de temas do interesse da categoria. O tema da primeira edição do ContESTADO, que será distribuído de maneira impressa, via malote, para todas as comarcas do Judiciário catarinense, é previdência.
Para o diretor do SINJUSC, Samuel Santos Silva, que coordenou a Plenária Virtual, “não dá pra esperar se aposentar pra entender a nossa previdência, pois o atual cenário é péssimo, sobretudo para quem ingressou no serviço público depois da reforma de 2003. Precisamos de mobilização para reverter as reformas que retiraram o nosso direito a uma aposentadoria digna, pois corremos o risco de, inclusive, não ter previdência”.
Veja abaixo as principais informações que você precisa para saber quem é você na fila da previdência do serviço público do Estado de Santa Catarina:
1. De onde surgiu a ideia de previdência social no Brasil?
Maurício Mulinari: Dos fundos e caixas de pecúlio organizadas pelos sindicatos para atender trabalhadoras e trabalhadores que tinham salários suspensos durante as greves ou enquanto estavam desempregados.
2. O que eram os IAPs?
Mulinari: A Constituição de 1934 criou os Institutos de Aposentadoria (IAPs) e fez com que as caixas de pensões e empréstimos deixassem de ser estruturadas por empresa e passassem a abranger categorias profissionais (bancários, industriários, marítimos, comerciários, etc).
3. Como os recursos da previdência foram utilizados pelo governo JK e pela ditadura militar?
Mulinari: Nos anos 50, o presidente Juscelino Kubitschek (JK) construiu a cidade de Brasília com recursos dos IAPs, apesar dos protestos dos sindicatos. Os Institutos, mantidos por industriários, bancários e outros grupos de trabalhadores, pagaram toda a estrutura urbana (vias, esgotamento, água, eletricidade) e a construção de milhares de apartamentos destinados a residência de parlamentares, juízes e assessores. A ditadura militar brasileira fez a mesma coisa no decorrer das décadas de 60 e 70, utilizando o dinheiro da previdência para obras que impulsionaram o desenvolvimento capitalista como a Ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipú e a rodovia Transamazônica.
4. Como surgiram o INPS e o INSS?
Mulinari: O INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), criado em 1966, unificou os IAPs em uma única autarquia, centralizando a administração dos benefícios e das contribuições previdenciárias de toda a classe trabalhadora. Já o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi criado em 1990 com o objetivo de garantir a universalização da previdência social prevista na Constituição de 1988.
5. Quando surgiram os RPPS?
Mulinari: Os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) foram criados a partir da Constituição de 1988 para atender servidores públicos.
6. Quais são as fontes de financiamento da previdência de acordo com a Constituição de 1988?
Mulinari: Contribuição do trabalhador(a), contrapartida patronal ou do Estado, no caso do serviço público, e a tributação sobre o aumento da produtividade causado pelo avanço tecnológico. Nesse contexto, o discurso sobre déficit previdenciário não faz sentido, pois na ausência da taxação do aumento da produtividade em empresas e serviços públicos, cabe ao caixa do Estado arcar com o pagamento de benefícios.
7. Como as reformas afetaram a previdência?
Mulinari: A partir de 1998, reformas da previdência promovidas durante os governos FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro, em nível nacional, e por Luiz Henrique, Raimundo Colombo, Carlos Moisés e Jorginho Mello, em nível estadual, ampliaram a idade mínima e o tempo de serviço, reduziram os valores dos benefícios e instituíram contribuição para quem já havia se aposentado.
8. Quem tem direito a paridade no Judiciário catarinense?
Mulinari: Cerca de 2.350 aposentados(as) e pensionistas, mas também 1.370 servidores(as) ativos(as) que ingressaram no serviço público até o dia 31 de dezembro de 2003. Considerando apenas o vencimento básico, este grupo se aposenta com o mesmo salário da “ativa” e tem o benefício corrigido da mesma forma que o pessoal em exercício.
9. Quem se aposenta pela média dos salários no Judiciário catarinense?
Mulinari: Mais de 3.000 ativos(as), além de poucas dezenas de aposentados(as) e pensionistas, que ingressaram entre 1° de janeiro de 2004 e 29 de setembro de 2016. Considerando apenas o vencimento básico, este grupo se aposenta com uma perda de cerca de 29% do salário da “ativa”.
10. Quem está limitado ao teto do INSS no Judiciário catarinense?
Mulinari: Quase 1.700 ativos(as) que ingressaram no serviço público a partir de 30 de setembro de 2016. Considerando apenas o vencimento básico, este grupo pode se aposentar com uma perda de até 66% do salário se for ANS e de até 40% se for ANM.
VOTE NO PLEBISCITO PELO FIM DA JORNADA 6X1|
Acesse AQUI a urna do SINJUSC e vote pelo fim da escala de trabalho 6×1, redução da jornada de trabalho sem redução salarial e isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, com maior taxação para quem recebe acima de R$ 50 mil. A votação, que já começou e segue até setembro, está sendo realizada também de forma presencial, em centenas de pontos espalhados pelo país.
O pessoal de 2004 a 2016 então não tem a correção da aposentadoria? Assim, se aposenta com aquele valor e pronto? Minha outra dúvida, a pessoa se aposenta pela média, e recebe mais o que? o valor do auxílio saúde?
Olá, Ana! Com execeção do alimentação e da tabela complementar do auxílio-saúde, os demais benefícios são pagos a todos(as) aposentados(as) do TJSC e corrigidos conforme a ativa! Mas o reajuste salarial do pessoal que não tem paridade, ou seja, quem ganha no máximo o teto do INSS e a média, é feito por decreto do Governador de SC.
Sobre a GANS, é verdade que não estava prevista na lei orçamentária deste ano?
É verdade! Mas a equiparação do médico-social também não estava!
inativos com paridade devem ser enquadrados na reestruturação da tabela….art 7 ec 41 c/c art 2 e 3 art 47………………
Bravo!!!!!!!!!!!!
Não reforma administrativa o que vai acontecer com os penduricalhos….. Auxílios etc????
Ainda não sabemos Silésia, mas assim que os projetos forem apresentados na Câmara dos Deputados, publicaremos notícia sobre o assunto!
Prezados, para o pessoal de 2004 a 2016, já tem algum estudo independente (que não seja do SCPREV) se é vantajosa a migração principalmente após a nova tabela?
O pessoal do SCprev claro que vai puxar a sardinha. Conversando com vários colegas ainda se tem muitas dívidas por conta de dificuldades para se calcular no cenário atual do IPREV (2004 a 2016).
Diante de um cenário tão importante talvez fosse válido o Sinjusc encomendar um estudo mais detalhado para orientação dos servidores.
Há um projeto para aumentar em 100% o BEP para quem opte para o SCPREV.
Olá, Fabiano! Vamos encaminhar para a diretoria o seu pedido para um artigo que traga as informações disponíveis sobre o tema!
SINJUSC, vcs poderiam informar porque o tribunal retirou aquela previsão de aposentadoria que aparecia no nosso ERP? Será que um dia irá ficar disponível novamente?
Olá Ana Maria! Não sabemos! Você já tentou entrar em contato com a DGP para saber?