Mulheres, Trabalho e Judiciário foi tema do debate no final do segundo dia do 8º Congresso do SINJUSC. O painel foi composto pela pesquisadora e professora da UFSC Dra. Joana Célia dos Passos e por Sabrina Fernandes, socióloga, influenciadora digital, professora Dra. da UnB Sabrina Fernandes.
Passos destacou que os principais desafios sociais para as mulheres, em especial para as mulheres negras, são o assédio moral, a equiparação salarial, o racismo, a equidade e a reforma da previdência.
A professora da UFSC salientou alguns paradoxos na condição feminina no Brasil. No país, as mulheres são mais escolarizadas, No entanto, elas ganham menos e ocupam posições mais baixas na hierarquia das profissões. Ela ainda deu destaque aos casos das mulheres negras que são duplamente excluídas por sua cor e gênero.
A professora Dra. da UFSC enfatizou que “é insuficiente dizer que não somos racistas, é necessário sermos antirracistas”, o que implica reconhecermos que existem privilégios e que o Brasil não é o país da democracia racial. Ao final de sua apresentação, enfatizou que a classe trabalhadora é uma unidade na diversidade!
A socióloga Sabrina Fernandes começou sua explanação enfatizando que o atual governo não representa um movimento apenas de retrocesso, mas de manutenção de privilégios e de normalização de um cenário de exclusão, tradicional no Brasil.
Fernandes também falou a respeito do processo de reprodução social na qual as mulheres estão envolvidas. Ela o definiu como “tudo o que a gente faz para nos mantermos enquanto sociedade” mas, o fazemos sem pensar. Citou como exemplos as dificuldades das mulheres militantes, a predominância de homens em posições dirigentes mesmo em espaços ditos progressistas e a economia do cuidado por costume destinada às mulheres.
Para Fernandes, falar de desigualdade de gênero é tratar de reprodução social. E, falar sobre as questões femininas é abordar sobre assuntos gerais, estruturais da sociedade. A socióloga argumentou que a falsa impressão de avanço das mulheres nas últimas décadas foi desmistificada com o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef e frisou que “só quebrar o teto de vidro não é o suficiente, o empoderamento não é uma questão individual, mas coletiva!”, enfatizou.
Auto da Compadecida
O segundo dia do 8º Congresso dos Trabalhadores e Trabalhadoras do SINJUSC foi encerrado com a apresentação teatral do Auto da Compadecida pela Cia Caras de Boneco.
A Cia surgiu da união de 15 estudantes do Curso de Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em 2018. Esse grupo adaptou o texto de Ariano Suassuna, cujo original mescla literatura de cordel, música elementos circenses, mesclando figuras da cultura popular nordestina e obras clássicas da literatura.
O Auto da Compadecida desfia a história de João Grilo e Chicó, dois sertanejos pobres que fazem de tudo para conseguir sobreviver a mais um dia no sertão. O confronto final se dá em um julgamento com a presença do Diabo, Nossa Senhora, a Compadecida, e Deus.
(Fotos de Osíris Duarte, jornalista SC02538JP – Texto de Vaniucha Moraes, jornalista (SC02959JP) e Doutora em Sociologia Política e Mestre em Jornalismo pela UFSC – Revisão e Edição por Rubens Lunge, Especialista em Comunicação pela Universidade Metodista de SP, jornalista MtB 5567/RS)