Nos dias 3 e 4 de novembro, representantes da Fiocruz e de sindicatos que fazem parte do Fazendo Escola, iniciaram o processo de criação de um curso com o objetivo de qualificar o olhar e potencializar a elaboração de políticas de combate aos problemas de saúde laboral vividos pelas categorias relacionadas às entidades envolvidas. O curso deve ser ministrado de forma híbrida – virtual e presencial -, mas ainda não tem previsão de data de lançamento.
A ideia é que as categorias de SINJUSC, Sintrajusc, Simpe-SC, Sindjus-RS, Sindjud-PE e Sindijus-PR participem de todas as etapas de elaboração da formação durante o ano de 2026, para que o curso também cumpra o papel de mobilizar as pessoas e fazer com que as administrações dos órgãos adotem novas práticas capazes de produzir uma rotina de trabalho mais saudável.
Além de uma parceria com a Fiocruz, financiada por uma emenda parlamentar do deputado federal Pedro Uczai (PT-SC), o curso é consequência do seminário Por Um Fio, realizado em setembro de 2024 na Universidade Federal UFSC, e também conta com a colaboração do especialista do Núcleo de Estudos, Capacitação e Investigação, Saúde e Trabalho da Universidade de Rosário (Argentina), Jorge Kohen.
IMPACTOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS SOBRE AS ROTINAS DE TRABALHO
Uma das questões a serem abordadas pelo curso são os impactos das novas tecnologias sobre a rotina de trabalho. De acordo com os especialistas que estão colaborando no processo de criação da formação, a principal questão não é identificar os impactos, mas conscientizar as categorias a reagirem a eles, exigindo políticas institucionais que protejam a saúde de quem trabalha.
Para Rita Matos, coordenadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH) da Fiocruz, “no caso da questão do home office, é menos complicado de você regular do que o trabalho, por exemplo, dos motobikes. É diferente a forma como o processo de trabalho se dá. E aí o próprio trabalhador é que tem que entender que aquilo tem a ver com o excesso de trabalho dele, com a jornada excessiva”.
De acordo com Kohen, “a tecnologia em si nunca foi nem positiva, nem negativa, nem benéfica, nem prejudicial, mas sempre esteve ligada à correlação de forças entre o capital e o trabalho. Os trabalhadores obtêm uma correlação de força favorável, tanto a nível dos governos nacionais, dos governos estaduais, locais, ou a nível das próprias empresas, por ramos de atividade, têm uma força suficiente para impor condições ao capital, essas tecnologias se tornam benéficas”.
“Mas ao contrário, quando o que predomina são processos neoliberais, a ideologia neoliberal, o domínio da força empresarial, do capital sobre o trabalho, essas tecnologias adquirem um papel altamente negativo e prejudicial para a saúde, porque jogam em favor da precarização laboral, da desocupação, da perda de postos de trabalho” – conclui Kohen.
