No final do último mês de setembro, o site do TJSC divulgou recordes de produtividade alcançados por quem trabalha no Judiciário catarinense durante o ano de 2024. De acordo com informações do Justiça em Números 2025, relatório anual produzido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), trabalhadores e trabalhadoras do TJSC são os mais produtivos entre os tribunais estaduais de médio porte de todo o país.
Mas, de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo TJSC, entre janeiro de 2022 e julho de 2023, 1.924 trabalhadoras e trabalhadores do Judiciário catarinense acumularam 68.759 dias de afastamento do serviço por motivos de saúde. Mais da metade dos afastamentos estão ligados a doenças de origem psiquiátrica como a depressão ou problemas osteomusculares como tendinites, lombalgias, mialgias e etc.
De acordo com psicólogo Mateus Graoske, que atende filiadas e filiados do SINJUSC desde 2018, a política de metas do TJSC é a principal queixa daqueles e daquelas que procuram o apoio institucional e psicológico oferecido pelo sindicato. Mateus alerta ainda para o fato de existir quem, mesmo doente, siga trabalhando e até se automedicando para isso, o que pode acabar causando um sofrimento crônico.
“A política de metas do TJSC parece criar um ambiente meritocrático, então, se tem um colega que consegue, quem não consegue acaba taxado como incompetente. E isso acontece independentemente das diferenças de complexidade dos processos, mas sobretudo das diferenças entre as pessoas que podem ter idades diferentes, ter questões familiares, formações diversas, remunerações distintas e etc. E esse autogerenciamento, essa autocobrança, fatalmente leva ao adoecimento mental e físico” – acrescenta o psicólogo.
Na avaliação da presidenta do SINJUSC, Carolina Rodrigues Costa, “o reconhecimento do CNJ em relação à produtividade da categoria é importante na medida em que rompe com estereótipos do trabalho no serviço público, especialmente em relação ao Judiciário. Contudo, os tribunais precisam analisar a que custo essa produtividade está sendo entregue. Uma medida importante seria acompanhar outros índices como, por exemplo, o número e a quantidade de dias de afastamento e a partir daí pensar em como suprimir as dinâmicas laborais que estão causando o problema”.
